Análise do poema "canção" de vinicius de moraes
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Análise do poema “Canção” de Vinícius de Moraes O poeta brasileiro Vinícius de Moraes manteve uma relação explícita e forte entre a literatura e a música, de modo que muitos de seus poemas foram musicados em vista da veracidade e da profundidade com que representavam a realidade de seu tempo. Nascido em 1913 no Rio de Janeiro, Vinícius fez parte de um grupo seleto de escritores da segunda geração do modernismo brasileiro que dominam bem a técnica de construção do soneto, além de manter a reflexão acerca de temas seculares como a morbidez e a idealização da figura feminina. Além disso, sua capacidade criticista ultrapassa as fronteiras das páginas e palavras, atingindo com sucesso o campo da música, no qual alguns grupos de renome nacional interpretam as poesias dele, como a “Rosa de Hiroshima” gravada em 1973 pela banda “Secos e Molhados”. Seu gosto pela junção de musicalidade e literatura acaba por gerar poemas que exprimem com clareza sua sensibilidade para com as melodias e o gênero cultural da música. É possível perceber esta ocorrência no poema “Canção”, no livro “Antologia poética – Vinícius de Moraes”, coletânia de poemas que reúne uma quantidade valorosa de produções lapidadas enquanto estava em Los Angeles, e publicada inicialmente em 1954. A estrutura interna mantém os versos heptassílabos, contribuindo para uma leitura ritmada, entretanto não existe a divisão em estrofes, de modo que os 23 versos apresentam rimas ricas, imperfeitas (versos 3 e 6, adjetivo “tranqüila”/verbo “persiga”; ou versos 20 e 22, preposição “deste”/ adjetivo “agreste”), intercaladas sem uma sequência lógica por predisposição como nos sonetos por exemplo. Assim corresponde às características modernistas. O poema traz logo nos dois primeiros versos a preocupação com a idéia que o autor tem a respeito de filhos, já que teve cinco, e naturalmente conhece o afeto paterno: “Não leves nunca de mim A filha que tu me deste” O título do poema é ferramenta indispensável para