Análise de um poema : artimanhas de um gasto gato
Arte-manhas = jogo gráfico de palavras que brinca com a palavra “artimanhas”. Na palavra formada por arte e manha, percebe-se claramente a ideia de arte, técnica, associada à manha do gato. A relação dessa palavra nova com a palavra artimanha, arte de levar outrem ao engano, faz com que se associe ambas as palavras, ligando a manha do gato às artimanhas que o animalzinho faz.
Gatografia = escrita do gato, que pode tanto significar que o gato está como sujeito quanto como objeto do “grafia”, ou seja, da escrita, do desenho. Como sujeito, gatografia poderia significar algo como o gato escrevendo através dos arranhões que faz, as cicatrizes que deixa no rosto da dona. Como objeto, gatografia significaria o desenhar o gato, como a autora mesma diz: não sei desenhar gato.
Hipopotas, hipogato, hiponímico = série de neologismos compostos pelo prefixo grego “hipo”, que significa cavalo, e que aparentemente foram formados em virtude de certa musicalidade dos termos colocados próximos.
O emprego de neologismos no poema é importante, pois através deles percebemos uma gama muito maior de sentidos no texto que vão além do que está escrito, mas se pode alcançar, sutilmente, o que está sendo insinuado.
Questão 2
O verbo que a autora emprega para é fingir na expressão “fingindo nomear”, pois ela parece não acreditar que o ser humano nomeie os seres. Desse modo, nomear nada mais é do que fingir nomear, um ato onde falta a verdade.
Questão 3
De acordo com a poetisa, nomear, escrever, desenhar, são ações que não pertencem ao mundo real, mas à ficção. Através da intertextualidade toda que transparece no poema, percebe-se que, para a autora, a literatura, em muitos sentidos, se trata de roubo, de uma “artimanha manhosa”, e escrever seria como o salto do gato. Neste sentido, há a ideia da dinâmica, do não “arredondado”, sem desenvolvimento coerente, plano e linear, um tanto caótico,