Análise de macunaíma
E com certeza, o autor desse título também não, que desafiando toda literatura clássica e um povo reacionarista que maquilava a situação do país, dá a luz, em 1928, a Macunaíma, com uma proposta revolucionária na linguagem literária, diferente de tudo visto até então.
Mario de Andrade, intelectual esquerdista e grande crítico dos problemas sociais da época, era também pesquisador nato das culturas brasileiras. Foi um dos principais organizadores da Semana da Arte Moderna de 1822, e de extrema importância para a cultura do país no século XX.
Em uma época em que o país se encontrava em verdadeira ebulição, tempo de indústria e modernização, a obra vem para repercutir no meio artístico, dado até então como atrasado, contribuindo para a nova concepção das realidades que o Brasil enfrentava.
E foi inspirado, principalmente, na obra “Vom Roraima zum Orinoco”, de Roraima a Orinoco, do etnógrafo alemão Theodor Koch-Grunberg, que reunia histórias e lendas indígenas variadas e justapostas, ao qual associou todo seu conhecimento e escreveu a rapsódia Macunaíma, cujo Oswaldo de Andrade definiu ser a “nossa Odisséia”.
Inventivo, de estilo narrativo irônico e bem-humorado, a obra composta por uma linguagem “saborosamente brasileira”, repleta de vocábulos regionalistas, expressões e provérbios populares, faz uma mescla entre escolas literárias como o dadaísmo, futurismo, expressionismo e surrealismo, ganhando adaptações posteriores no cinema, teatro, música e servindo de inspiração ao saudoso artista plástico Airlindo Daibert.
Em antologia ao folclore brasileiro e uma imersão num mundo que concilia a ficção e a realidade, dá se a obra de maior autenticidade brasileira; imagem e semelhança de um povo que o próprio autor designa como sem caráter: “..porque não possui nem civilização própria e nem consciência tradicional.”
E é a um modo bem “a la Macunaíma”, deitado em uma rede na chácara da família em Araraquara-SP, que nosso ilustríssimo autor