Analise da obra Macunaíma
1 INTERTEXTUALIDADE ENTRE MACUNAÍMA E IRACEMA
Assim começa o romance de José de Alencar que tem como protagonista a índia: “Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como o seu sorriso; nem a baunilha rescendia no bosque como seu hálito perfumado. Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas."(Iracema, José de Alencar – 1865)
Esse é o início da obra Macunaíma, o anti-herói de Mário de Andrade:
"No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite. Houve um momento em que o silêncio foi tão grande escutando o murmurejo do Uraricoera, que a índia tapanhumas pariu uma criança feia. Essa crianç a é que chamaram de Macunaíma.
Já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro passou mais de seis anos não falando. Si o incitavam a falar exclamava: - Ai! que preguiça!... e não dizia mais nada.Ficava no canto da maloca, trepado no jirau da paxiúba, espiando o trabalho dos outros e principalmente os dois manos que tinha, Maanape já velhinho e Jiguê na força de homem. O divertimento dele era decepar cabeça de saúva. Vivia deitado mas si punha os olhos em dinheiro, Macunaíma dandava pra ganhar vintém”. (Macunaíma, Mário de Andrade – 1928)
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Pode-se notar a intertextualidade entre as obras Iracema e Macunaíma desde o primeiro capítulo, já na primeira frase de Macunaíma é possível perceber essa intertextualidade com um tom de paródia, Mário de Andrade transplanta a sintaxe do primeiro parágrafo de Iracema para Macunaíma.
Em Irecema, o que era “além, muito além daquela serra”, transforma-se em “no fundo do mato virgem” em Macunaíma, logo em seguida a oração