Análise de gênero

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE FILOSOFIA LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS

INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS LITERÁRIOS

1)
“Ao construir nosso discurso, sempre nos antecede a totalidade do nosso enunciado, tanto na forma de um esquema genérico determinado, como na forma de uma intenção discursiva individual. Não partimos de palavras soltas, não seguimos de uma palavra a outra, mas atuamos como se fôssemos preenchendo um todo com palavras necessárias.“
(Bakhtin,1952/53)
A noção de gênero admite um significado de grande abstração, devido à grande possibilidade de interpretações, em tese, gêneros são classificações que reúnem pessoas ou coisas de acordo com as suas características; para o caso de pessoas a abstração pode tornar-se ainda maior, há um discurso de gênero pautado nas causas transsexuais que possibilitam novas interpretações do que pode ser o gênero. Alguns defendem que esse torna-se um instrumento capacitivo que impõe ao indivíduo (neste caso) características que ele possa ou não possuir, dai a grande discussão sobre a liberdade de gênero, se gênero é um fator de agrupamento por determinadas características é necessário que se manifestem tais características antes que se qualifique ou não determinado gênero, o que não é o caso ocorrido, antes mesmo do nascimento há a rotulação de gênero em torno de um indivíduo e as consequências disso podem ser problemáticas ao extremo, visto que nem todos partilham do mesmo jargão feminino ou masculino, limitando assim as suas escolhas. No universo literário os gêneros funcionam de maneira livre, ou seja, primeiro é feito o objeto da obra (aqui podemos fazer analogia ao nascimento do indivíduo até sua formação e maturação) e depois a qualificação de seu gênero, depois que o objeto em questão é produzido é que podemos qualificá-lo, isso explica o fato de que as noções de gênero serem posteriores as obras em si. Entretanto, há também os estilos literários, ou seja, são qualificações pré estabelecidas em