ANÁLISE DE FENÔMENO CULTURAL
1. DIREITOS HUMANOS E IDENTIDADES EM CONFLITO: O CASO FELICIANO
O episódio da nomeação do deputado e pastor evangélico Marco Feliciano para a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara do Deputados.
Marco Feliciano, pastor bastante conhecido do universo evangélico, eleito com cerca de duzentos e vinte mil votos, foi o nome indicado para o cargo pelo PSC (Partido Social Cristão). Esse partido não tem uma das maiores bancadas do congresso, mas reúne uma serie de representantes ligados a várias igrejas evangélicas em seu quadro. Como o próprio nome indica, é um partido que se apoia no discurso e filiações religiosas. O deputado, enquanto pastor, já deu diversas declarações polemicas, em entrevistas, cultos e mensagens em redes sociais, tais como: “os negros fazem parte de uma raça amaldiçoada por Noé”, “homossexualidade é uma doença e eu não aceita que seu filho veja dois homens se beijando em sua frente na rua”, “John Lennon e Mamonas Assassinas foram mortos tragicamente pela ação de Deus por punição de seus pecados”. Acredita também que em rituais religiosos afro-brasileiros (umbanda, candomblé) são demoníacos.
A Comissão do Direitos Humanos é justamente a comissão criada para tratar de assuntos diversos ligados à promoção da diversidade cultural e a garantia de direitos das chamadas “minorias”, possíveis vitimas de preconceito e descriminação sociais. Diante disso, representantes de diversos seguimentos dessas categorias (como o movimento negro, as religiões afro-brasileiras e os grupos GLS), têm se manifestado em atos de protesto durante as audiências e através das redes sociais, exigindo sua saída imediata do cargo.
Feliciano, em resposta às alegações e criticas, afirmou que ate sua entrada, as Comissões do Direitos Humanos eram dominadas por Satanás, recusando-se terminantemente a deixar o cargo.
Recentemente, em nova tentativa de negociação de sua substituição com os líderes