Análise de ana terra
Introdução
Ana Terra é um capítulo de O Continente, livro que compõe a trilogia O Tempo e o Vento, de Erico Verissimo. Esse capítulo adquiriu tanta importância que o próprio autor lhe deu permissão de formar um pequeno romance à parte. Um capítulo marcante que traduz a dura vida de famílias de poucas posses tentando construir uma base sólida na região, através do cultivo da terra e da criação de gado. Como em todo o livro, as passagens estão permeadas de crítica social, principalmente em relação à violência e aos privilégios que originaram uma sociedade onde terra é sinônimo de desigualdade.
Apesar de toda a humanidade da mulher Ana Terra, ela vira mito com dimensões sobre-humanas, para além do tempo, do vento e do espaço. Com seu próprio nome ou com nome trocado, essa mulher deve ter existido e faz parte da história do Rio Grande do Sul, é um das suas raízes. Assim é que o romancista, com sua força criadora, é capaz de fazer também história.
1. Foco narrativo
O ponto de vista do narrador é o da terceira pessoa. O narrador fica de fora, onisciente e onipotente, retratando suas personagens e peripécias. Apesar da linearidade com que a narrativa se apresenta e a forma como se desenrolam os fatos, há algum aprofundamento principalmente na personagem-título. Ana Terra completa o ciclo de sua vida e é seguida pelo filho (Pedro Terra); a este se sucedem os filhos e assim indefinidamente na sequência das gerações. Uma sequência inegavelmente histórica, isto é, marcada pela cronologia. Além do narrador, é claro, os personagens também falam, dialogam e, mesmo dentro de sua grande pobreza, têm alguma vida interior com suas reflexões.
2. Tempo
A obra corresponde ao espaço temporal de 1777 a 1811. O tempo que predomina no romance, apesar das constantes inserções psicológicas, ainda é o cronológico, pois as ações exteriores dos personagens ainda permitem estabelecer-se a cronologia do enredo. O narrador onisciente não se limita a