Análise da vida e obra de Gregório de Matos
Alcunhado como Boca do Inferno ou Boca de Brasa, Gregório de Matos Guerra é o poeta selecionado para, no presente trabalho, ter obras analisadas, dentro do estudo do período literário conhecido como Barroco. Tais epítetos do baiano, nascido em 20 de dezembro de 1636, na então capital do Brasil, Salvador, podem incitar o seu estilo satírico de escrita; ele escarnecia políticos, comerciantes, clero, colonizadores e até mesmo o povo. Isso sem poupar o uso de palavrões e vocabulário bem baixo.
Imprescindível de se aludir, a lírica de Gregório é riquíssima e, portanto, ainda divida entre amorosa, filosófica e religiosa – respectivamente, essas fases, que assinalam, também, diferentes momentos da vida do zombeteiro, são marcadas pelo amor retratado como fonte de prazer e sofrimento, enquanto a mulher, como fonte de perdição; pelo pessimismo e angústia diante da vida; e pelo teocentrismo sobreposto à ideia de pecado. Essa última, que, aqui, também fica clarificada, deixa perceptível a verve advocatícia do ex-estudante de Direito. Biografia
Filho do homônimo fidalgo da série dos Escudeiros, do Minho, Portugal, e Maria da Guerra, respeitável matrona, Gregório de Matos estudou Humanidades no Colégio dos Jesuítas e depois transferiu-se para Coimbra, onde se formou em Direito. Exerceu em Portugal os cargos de curador de órfãos e de juiz criminal e lá escreveu o famoso poema Marinícolas – vide trecho a seguir, com alguns dos versos originais de Marizapalos a lo humano, ao qual ele parodia.
“Marinícolas todos os dias / O vejo na sege passar por aqui / Cavalheiro de tão lindas partes / Como verbi gratia, Londres e Paris / Mais fidalgo que as mesmas estrelas/ Que às doze do dia viu sempre luzir / Que seu pai por não sei que desastre / Tudo o que comia vinha pelo giz. / Marinícolas era muchacho / Tão grão rabaceiro de escumas de rim / Que jamais para as toucas olhava, / Por achar nas calças melhor fraldelim / Sendo já rumilher de cortina / De um Sastre de barbas,