Análise da música cálice
Esse período foi marcado por censuras que só permitiam a divulgação na íntegra das músicas caso elas fossem elogiosas ao governo ou não tivessem algo que fosse considerado impróprio pelo órgão censório, exílios aos cantores e compositores que burlassem essas regras, outras punições, que impediam a liberdade de expressão.
Porém, mesmo com todas as regras para moldar o que a população deveria ouvir, a esperteza e a inteligência de alguns artistas conseguem fazer com que algumas músicas passassem “despercebidas” pelo órgão censório. Uma delas é a já citada e tema da análise: Cálice.
A música demonstra em seus versos o sentimento que sufocava a população reprimida, mas de uma forma mascarada. Alguns temas do cotidiano das pessoas que se relacionam com a música:
• Pai, afasta de mim este cálice
De vinho tinto de sangue
A palavra cálice tem duplo sentido, pois se relaciona também com a expressão cale-se, usada para reprimir pessoas.
• Mesmo calada a boca resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
Mesmo com a repressão, a população continuava a se indignar, organizando-se contra o regime.
• Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Pessoas sumiam e eram torturadas, massacradas e dizimadas sem que pudessem fazer nada, já que não havia como protestar contra isso.
• De muito gorda a porca já não anda
De muito usada a faca já não corta
O regime, que chegou a ser poderoso, forte, “muito usado e muito gordo”, perdia sua força cada vez mais por não agradar a