Antígona
No duelo travado entre os dois sucessores, ambos se ferem mortalmente e assume o trono Creonte, que, considerando errônea a atitude de Polinices, declara que este é indigno de receber as honras fúnebres por se levantar contra Tebas, ao contrario de Eteócles, e todo aquele que desobedecesse a esse decreto estaria condenado a morte.
Todavia Antígona, também irmã de Eteocles e Polinices, movida pelo sentimento fraternal, pelo dever religioso e considerando injusto esse decreto, desafiou a tirania do seu tio Creonte, cumprindo com a tradição:
CREONTE – [...] tiveste a ousadia de desobedecer a essa determinação?
ANTIGONA – Sim, pois não foi decisão de Zeus, e a Justiça, deusa que habita com as divindades subterrâneas, jamais estabeleceu tal decreto entre os humanos, tampouco acredito que a tua proclamação tenha legitimidade para conferir a um mortal o poder de infringir as leis divinas, nunca escritas, porém irrevogáveis; não existem a partir de ontem, ou de hoje; são eternas, sim! E ninguém pode dizer desde quando vigoram! Decretos como os que proclamaste, eu, que não temo o poder homem algum, posso violar sem merecer a punição dos deuses!
Para Platão, no momento em que numa lei positiva fossem incorporados o individualismo e o hedonismo de quem a promulga, essa lei já não é justa e se afasta do seu paradigma, as leis naturais.