Antropologia e sociologia
Introdução
Desde a década de 1980, a sociologia econômica está em plena efervescência nos Estados Unidos e na Europa.1 Cada vez mais sociólogos estão. Este texto foi escrito durante o estagio pós-doutoral realizado entre ago. 2002-jul. 2003 na Universidade de Dauphine, Paris, França. Gostaríamos de agradecer à Capes, pelo apoio financeiro, à professora Catherine Bidou, diretora do Iris, que nos convidou e nos disponibilizou ótimas condições de trabalho e, sobretudo, ao professor Philippe Steiner, nosso orientador, cuja contribuição foi fundamental para a elaboração deste texto. Agradecemos também ao professor Fernando Ponte de Sousa e aos demais colegas pelos comentários a respeito de uma versão preliminar deste texto, discutida num dos seminários internos do Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política da UFSC. Este texto pretende resgatar, de maneira exploratória, algumas reflexões pioneiras de Durkheim e Weber a respeito do mercado a fim de poder tomar posição no quadro desse debate. Não pretendemos discutir a existência de uma continuidade ou de uma ruptura entre a nova e a velha sociologia econômica. Gostaríamos apenas de argumentar, contra Swedberg (1994), que Durkheim e Weber iniciaram o estudo sociológico do mercado em termos de construção social, contribuindo assim diretamente para a emergência da nova sociologia econômica na década de 1970. Ambos refletiram sobre o papel das instituições na orientação do comportamento do ator econômico e, portanto, na regulação do mercado, com conclusões freqüentemente semelhantes. Para organizar nossa argumentação, escolhemos tomar como ponto de partida uma classificação emprestada de Weber, provavelmente o sociólogo clássico que foi mais longe na analise sociológica do mercado, e contrastar com a posição de Durkheim. Além de sua tipologia bem conhecida da ação social, Weber dá uma pista rápida, mas extremamente interessante, dos diversos tipos possíveis de regulação do mercado. No segundo