Antropologia visual
A iniciativa de realizar um trabalho antropológico de campo cujos objetivos teóricos consistem em captar imagens de certa representatividade simbólica de um grupo cultural específico e utilizar o que Canevacci (CANEVACCI apud RIAL, 1995) chama de vídeo-scape como um meio de preservação documental de outros modelos culturais é uma tarefa que esbarra em alguns problemas teóricos, a saber: aqueles problematizados ao longo da própria construção de um saber antropológico visual, como sobre romper com o pensamento racionalista cartesiano para assumir o caráter visionário-especulativo da imagem dentro da produção antropológica e a possibilidade da construção de um saber que se utilize da imaginação criadora “na construção do conhecimento humano” (ROCHA, 1995), e aqueles outros que tangem principalmente as relações de poder e autoridade entre o pesquisador e o grupo social escolhido a ser estudado, um questionamento que pode abrir margem para a exploração das imagens como produtos da experiência humana que nos fornecem meios para estabelecer um “diálogo fecundo” com outras realidades culturais e valores simbólicos (BITTENCOURT, 1998). Podemos assim pensar na imagem como parte de um processo imagético que está sob a influência das atribuições de significados produzidas pelos atores sociais, entendidos aqui como indivíduos representantes de simbolismos imaginários e que são cognoscíveis sob um olhar antropológico que os situe como tais e analise o imaginário social destes dentro do respectivo contexto cultural.
O presente trabalho visa problematizar as questões supracitadas e expor as possibilidades de resolvê-las dentro do nosso atual cenário pós-moderno, onde temos que lidar com os novos meios de reprodutibilidade e oferecer meios de sobrepor a imagem literal e simbólica na pesquisa etnográfica.
O Visual no contexto pós-moderno
A ruptura com o pensamento antropológico racionalista, onde a produção visual era tida como retrato da realidade objetiva e as