Antropologia Missionaria
Ronaldo Lidório
Capítulo 1
Pressupostos teológicos
Como este livro trata de antropologia e missiologia torna-se necessário pontuarmos os pressupostos teológicos que seguiremos.
Historicamente, a ausência de uma comunicação viável, inteligível e aplicável do evangelho em outra cultura ou segmento social tem gerado duas conseqüências desastrosas no movimento missionário mundial: o sincretismo religioso e o nominalismo evangélico. Observemos alguns dos perigos essenciais que enfrentaremos ao tratarmos do assunto e prática da comunicação intercultural do evangelho. Perigos essenciais
O primeiro perigo, que é impositivo, tem sua origem na natural tendência humana de aplicar a outros povos sua forma adquirida de pensar e interpretar, prática esta realizada em grande escala pelos movimentos imperialistas do passado e do presente, bem como por forças missionárias que entenderam o significado do evangelho apenas dentro de sua própria cosmovisão, cultura e língua. Desta forma as torres altas dos templos, a cor da toalha da ceia, a altura certa do púlpito e as expressões faciais de reverência tornam-se muito mais do que peculiaridades de um povo e de uma época.
Misturam-se com o essencial do evangelho na transmissão de uma mensagem que não se propõe a resgatar o coração do homem mas sim moldá-lo a uma teia de elementos impostos e culturalmente definidos apenas para o comunicador da mensagem, apesar de totalmente divorciados de significado para aqueles que a recebem. As conseqüências de uma exposição impositiva do Evangelho tem sido várias, porém mais comumente encontraremos o nominalismo, em um primeiro momento e, por fim, o sincretismo quase irreversível. David Bosch6 afirma que o valor do evangelho, em razão de proclamá-lo, está totalmente associado à compreensão cultural do povo receptor. O contrário seria apenas um emaranhado de palavras que não produziriam qualquer sentido sociocultural. Não há como pregarmos um