Antropologia das tribos urbanas
No final do século XIX, uma grande parte da população mundial deixou sua vida no campo e passou a viver nas cidades, o processo de urbanização, as mudanças tecnológicas sociais fizeram com que a metrópole se transformasse num lugar de hiperestímulos (Singer,2001). Todos os indivíduos que vivem na cidade passam por inúmeras situações que provocam um alto nível de estimulo nervoso, de tensão e ansiedade. Ao atravessar uma avenida, ao entrar na estação do metrô, ao andar pelas ruas, o indivíduo passa por momentos de agitação, medo e estresse. Foi justamente a modernidade que construiu esses espaços (as metrópoles) que carregam em si elementos de contemporaneidade, de passado, de fragmentação e de mudança de experiência. (Benjamim, 1994). Dessa forma, o próprio indivíduo, habitante da cidade, transformou-se em um ser fragmentado, com vários significados e elementos particulares.
A rua implica falta de controle e afastamento, é o local público, regido por forças impessoais sobre as quais nosso controle é o mínimo. Nela vivem os malandros, marginais, entre outras entidades com quem nunca se têm relações contratuais precisas. Nela habita o novo, o inusitado, o transgressor, o ilimitado, o incontrolável: a vivência urbana contemporânea. (Brandini, 2007, p.25)
Ao observar as ruas das cidades (Collier Jr., 1913) é possível perceber as diferenças apresentadas por cada “tribo” urbana existente, constituindo assim um mosaico constituído por vários grupos.
O conceito de técnicas corporais, de Marcel Mauss (2003) é importante, primeiramente, para nos fazer entender o valor simbólico que o corpo representa para a sociedade. “Entendo por essa expressão as maneiras pelas quais os homens, de sociedade a sociedade, de uma forma tradicional, sabem servir-se de seu corpo.” (p. 401) A partir disso, é importante questionar: como sabemos que alguém pertence a determinado grupo? Quais são os elementos visuais que nos transmitem essa informação?