arquitetura
O antropólogo José Guilherme Cantor Magnani, coordenador do Núcleo de Antropologia Urbana (NAU), da Universidade de São Paulo (USP), comenta nesta entrevista como deve ser trabalhado o olhar do pesquisador envolvido com a etnografia urbana, com o desafio de compreender a dinâmica das cidades perante suas fragmentações e com a busca de uma análise dessa dinâmica priorizando os circuitos da cidade utilizados por cada grupo. Os trabalhos desenvolvidos pelo NAU - composto por Magnani, seus alunos e por pesquisadores associados de outras universidades além da USP -, envolvem tanto pesquisas etnográficas realizadas na cidade de São Paulo quanto em outras cidades brasileiras. Eles procuram identificar e analisar regularidades urbanas, construídas pelos próprios atores sociais, usando certas categorias de análise, como opedaço e o circuito.
Carolina Simas
Você diz que no momento da pesquisa etnográfica urbana, é muito importante o antropólogo ter um olhar "de perto e de dentro" e não um olhar "de fora e de longe". Poderia explicar isso melhor?
José Guilherme Cantor Magnani - Eu uso essa proposta de análise, contrastiva, para esclarecer como a etnografia pode contribuir para o conhecimento, por exemplo, da dinâmica urbana em sua aparente heterogeneidade. O olhar "de longe e de fora" seria aquele que prioriza um ponto de vista mais "macro", que olha a cidade de uma maneira mais geral. O olhar etnográfico é mais detalhista, ele vai privilegiar não as grandes variáveis, mas busca chegar até o plano do modo de vida dos atores sociais. Então, ao invés de procurar entender a dinâmica urbana a partir de determinantes de ordem macroeconômica, demográfica etc (que certamente existem e são condicionantes), vai experimentar um outro caminho para entender como a cidade funciona. Esse caminho é proporcionado pela etnografia e se caracteriza pelo termo "olhar de perto e de dentro", à medida que opta por uma visão que leva em conta - ainda que