Antigo regime
Devemos compreender a sociedade no antigo regime na sua mais íntima relação com a estrutura vigente. Havia, basicamente, três camadas sociais: clero, nobreza e terceiro estado. Lembrando que as duas primeiras consistiam em aristocracia. Era o que chamamos de uma sociedade estamental, onde a mobilidade vertical dentro da pirâmide social era algo extremamente difícil.
Comparando a Idade Média com a modernidade, percebemos que a sociedade não sofreu grandes alterações em sua estrutura. Isso se deve ao fato do Estado, na verdade, ter a função de garantir as relações de dominação do período anterior, fazendo com que a aristocracia mantivesse o predomínio sobre as demais classes.
Em troca do apoio político fornecido pela aristocracia, o rei garantiu a manutenção de uma posição privilegiada para o grupo dentro do Estado que se formava. Gozavam de privilégios, como por exemplo, o direito de portar armas, direito de exploração dos camponeses, e principalmente a isenção fiscal. Ou seja, a aristocracia não pagava impostos, sobrecarregando as demais camadas sociais que compunham o terceiro estado: burguesia, artesãos e camponeses.
No entanto, o conflito entre as classes sociais foi condição fundamental do poder absoluto. O próprio rei instigou o conflito, procurando sobrepor-se a ele e dele tirar proveito. Protegeu a alta burguesia, deu-lhe monopólios comerciais e industriais, arrendou-lhe impostos, garantiu-lhe ascensão social, apoiando-a contra clero e nobreza. Reciprocamente, concedeu privilégios ao alto clero e domesticou a nobreza, atraindo-a a seus palácios por meio de cargos e pensões.
O poder real, em suma, descansava sobre o conflito generalizado que tendia a equilibrar as forças sociais, especialmente o conflito entre as duas classes mais poderosas, nobreza e burguesia.