Antes e depois do niilismo
Luana Mara Diogo
Mestranda em filosofia pela UECE – Bolsista CAPES
O presente texto busca, através de alguns textos de Nietzsche, abordar a noção de niilismo como um problema impulsionado pela crença em uma moral socrático-platônico-cristã, e apresentar a necessidade mostrada pelo filósofo de uma transvaloração de todos os valores. Os temas supracitados caminham juntos e se mostra oportuno um diálogo. Para isto, serão utilizados essencialmente três escritos, quais sejam, A genealogia da moral, Crepúsculo dos ídolos e os fragmentos escritos entre 1884 e 1888 sobre o niilismo, selecionados por Gérard Lebrun. A escolha dos textos não significa que a noção de niilismo e muito menos o problema da moral se esgote neles, mas que pela amplitude do pensamento nietzscheano se mostra necessário um recorte. Como o niilismo ganha maior relevância nos escritos de maturidade, ou seja, aqueles concebidos a partir de 1882 até 1888, os escritos aqui propostos possibilitam uma compreensão dos temas. É também nos escritos deste período que o filósofo amadurece sua crítica a moral vigente e dá vida a sua noção de transvaloração dos valores.
Embora no século XIX, e até antes dele, já se pensasse a questão do niilismo, Nietzsche surge como um dos teorizadores mais preocupados com o advento deste, que segundo o próprio filósofo é o mais sinistro dos hóspedes, que bate à porta da modernidade. Nietzsche não pensa o niilismo, ou seja, aquilo que ele denomina como a “radical recusa de valor, sentido, desejabilidade”1, como algo nascido e criado no Séc. XIX, mas fecundado no seio da humanidade. Porém, antes de adentrar no solo do niilismo, é preciso ter uma compreensão introdutória da visão nietzscheana da moral vigente que para o filósofo se trata da moral judaico-cristã e que em seu interior guardou a semente para o niilismo.
A Genealogia da moral foi redigida no ano de 1887, como complemento de Além do bem e do mal. De forma sucinta, poder-se-ia