Ante-Design
DA MARCA
CONTEMPORÂNEA*
Álvaro Melo Filho**
Resumo: uma reflexão sobre a marca e suas relações com o objeto; as possibilidades que logotipos e signos trilham dentro de um universo contemporâneo. Questiona-se como o designer trabalha para amplificar a coerência e a significação de um símbolo atribuído a um objeto, se preocupando com as relações que estes vão estabelecer com os usuários.
Palavras-chave: Design. Marcas. Objetos. Contemporâneo.
O OBJETO E SUAS RELAÇÕES CONTEMPORÂNEAS
M
uito se discute sobre a percepção do design como linguagem.
Bomfim (1997) propõe, pelos estudos de Wittgenstein, ser a linguagem parte do repertório do ser humano, como ele percebe seu ambiente e expressa sua realidade. De acordo com isso, não existiria objeto sem sujeito, pois o objeto só existe dentro do âmbito das experiências de cada indivíduo, dos seus conhecimentos e linguagens. “As características de um objeto são, na verdade, as interpretações subjetivas que dele fazemos”
(BOMFIM, 1997, p. 37).
Dorfles (1972) explica que a maioria dos objetos industriais tem em si qualidades formais que simbolizam suas funcionalidades1. Esses elementos são os responsáveis por tornar esses objetos identificáveis por seu público. Mas tratar o funcionalismo como grande responsável pela existência de um objeto não é viável para os conceitos contemporâneos, uma vez que o racionalismo e o formalismo dos tempos modernos “não
FRAGMENTOS DE CULTURA, Goiânia, v. 20, n. 3/4, p. 181-189, mar./abr. 2010.
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permitem uma variedade e transformação dos objetos em signos2 individuais” (KEI, 2009, p. 20).
Na sociedade de consumo contemporânea, existe uma procura contínua pela individualidade. Kei (2009) ressalta o aspecto funcional apresentado por Dorfles e aprofunda a discussão, ao refletir que o objeto não deve somente prestar-se às necessidades práticas do usuário, mas atender a propriedades significativas que contribuem para a satisfação