Anorexia e Bulimia
Rosane Monteiro Ramalho**
Associação Psicanalítica de Porto Alegre Atualmente, na clínica, deparamo-nos com um crescente número de pessoas com anorexia e bulimia, bem como é assunto recorrente na mídia. Tais manifestações, também denominadas “transtornos alimentares” (segundo as classificações psiquiátricas vigentes), “patologias da oralidade”1[1] ou ainda consideradas “síndromes”2[2], consistem numa relação problemática com a alimentação, num medo de perder o controle em relação à comida, acompanhada de uma perturbação da imagem de si. Geralmente afetam as mulheres – 90 % dos casos3[3] -, o que leva estas patologias a serem consideradas como “doenças especificamente femininas”4[4], ou “patologia da adolescência feminina”5[5], iniciando comumente na adolescência ou no início da vida adulta.
A anorexia caracteriza-se por uma restrição voluntária muito grande da alimentação, levando a paciente a perdas extremas de peso, podendo chegar à morte. Na bulimia, há ingestão de uma quantidade excessiva de alimentos de forma rápida e geralmente compulsiva. A experiência é vivida como descontrole e estranhamento, sendo seguida, geralmente, por vômitos, uso de laxantes e diuréticos, jejuns e exercícios físicos excessivos. É freqüente também estas duas manifestações estarem associadas.
Na clínica, a escuta de algumas pacientes com tais problemáticas levou-me a investigar as produções já existentes sobre o tema, estas, porém, em alguns aspectos, não correspondiam ao que escutava.
Muitos estudos na área médico-psicológica geralmente consistem numa descrição fenomenológica, sendo associados a uma exagerada preocupação com o corpo, corroborada pelo ideal social do “corpo perfeito”, que preconiza a magreza como padrão de beleza. Obviamente que a cultura em que estas pacientes estão inseridas tem influência sobre elas, e que, portanto, relacionada a este ideal do “corpo perfeito” – parâmetro este difundido pelas top