Animais
Rangelia vitalli é um protozoário do filo Apicomplexa transmitido por carrapatos e que provoca uma doença em caninos conhecida popularmente como "peste de sangue", "nambiuvú" ou "febre amarela dos cães". R. vitalli afeta principalmente cães jovens das zonas rurais, em particular nas épocas mais quentes do ano, e causa anemia, icterícia, febre, esplenomegalia, aumento de volume generalizado dos linfonodos, hemorragias no trato gastrintestinal ("nambiuvú das tripas") e sangramento persistente pelas bordas e face externa das orelhas, narinas e cavidade oral. Sugere-se que Amblyomma aureolatum, o "carrapato amarelo do cão", que infesta caninos domésticos, canídeos silvestres (p. ex. graxains) e passeriformes, seja o vetor da doença. Na literatura pertinente ao assunto consta que R. vitalli ocorre em células endoteliais, hemácias e macrófagos. Todavia, não há evidências convincentes de que esse protozoário se replique no interior de eritrócitos e de células fagocitárias. Microscopicamente, a grande maioria dos pesquisadores tem observado esse parasito apenas no interior de vacúolos parasitóforos no citoplasma de células endoteliais dos capilares sangüíneos. O perfil hematológico de cães afetados por R. vitalli é consistente com o de uma anemia hemolítica extra-vascular auto-imune. A doença tem sido reproduzida através da inoculação de sangue de caninos doentes, parasitados por R. vitalli (cães com a doença espontânea), em cães experimentais, jovens, livres desse protozoário e susceptíveis a esse patógeno. O diagnóstico clínico presuntivo do parasitismo por R. vitalli em cães tem sido feito a partir do histórico, quadro clínico, hemograma e resposta favorável à terapia a base de diproprionato de imidocarb ou doxycicline ou aceturato de diminazeno associada à corticoterapia e, quando necessário, transfusão sangüínea. O diagnóstico definitivo dessa protozoose é problemático para o médico