animais secundarios da biologia
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CLARA DOS ANJOS DE LIMA BARRETO:
UM ROMANCE EM PRETO E BRANCO
Amadeu da Silva Guedes – Mestre em Letras / UFF - Niterói- RJ
Nas obras de Lima Barreto, é possível encontrar inúmeros discursos que se cruzavam e ajudavam a manter uma organização social no momento brasileiro pós-monárquico.
Dos vários discursos e problemas da sociedade brasileira que circulam por suas obras, aqueles sobre a etnia negra na sociedade ocupam um espaço significativo e merecem um desdobramento. Antes de se chegar a esse ponto, porém, é preciso conhecer um pouco da biografia de Lima Barreto no intuito de oferecer uma visão de onde o autor enunciava.
Afonso Henriques de Lima Barreto nasceu em 1881 e faleceu em 1922, dois anos de grande importância em nossa história literária: em 1881, Machado de Assis apresenta ao público Memórias póstumas de Brás Cubas, uma obra que estremece os padrões literários até então vigentes e cristalizados; em 1922, acontece a Semana de Arte Moderna que, agressivamente, choca a arte tradicional muito bem aceita no Brasil. Se esses dois anos foram importantes na história de nossa produção artística, o período de tempo abarcado por eles não foi menos interessante no que se refere a situações de relevância em nossa história. Inicialmente, a abolição da escravatura é anunciada (1888) e, logo em seguida, é instituído o novo regime governamental muito contestado por Lima Barreto: a
República (1889).
O autor era filho de um mulato, quase negro, chamado João Henriques de Lima Barreto e da mulata Amália Augusta Pereira de Carvalho. A história de seus pais já apresenta um acontecimento conhecido na nossa história: a relação entre a mulher negra e o homem branco. João Henriques – o pai do autor – era filho de uma negra e de um português que não quis assumir a paternidade. A mãe do