Anemia falciforme na odontologia
Para um tratamento odontológico adequado é indispensável conhecer a história médica atual e pregressa do paciente falcêmico, bem como sua história familiar, a fim de se obter conhecimento do grau de comprometimento sistêmico deste. Devido às complicações da anemia falciforme, alguns pacientes são submetidos a transfusões sanguíneas, expondo-se ao risco de contaminação por patologias hemotransmissíveis como AIDS e hepatites virais10. Isso não contraindica o tratamento odontológico, mas reafirma os cuidados necessários com o controle da infecção cruzada em ambiente clínico. É de extrema importância a realização de uma boa anamnese e exame clínico, pois, nesses procedimentos, podemos detectar sinais e/ou sintomas precoces dessas infecções e conseqüentemente um tratamento mais eficiente das mesmas. As manifestações bucais encontradas nos sujeitos da pesquisa não são patognomônicas da doença, mas podem apontar ao cirurgião dentista essa condição. A palidez da mucosa oral é resultado da anemia crônica ou icterícia resultante da hemólise das hemácias. Em crianças é notado atraso na erupção dentária. Podem ocorrer também defeitos na mineralização de esmalte e dentina, resultando em opacidades (lesões de mancha branca). O cirurgião dentista deve se familiarizar com as alterações bucais que ocorrem nos pacientes portadores de anemia falciforme, a fim de não cometer enganos em seu diagnóstico. Alterações ósseas são comuns em pacientes com AF. A projeção maxilar e conseqüente overjet acentuado revelam um perfil de prognatismo maxilar que se deve principalmente à expansão compensatória da medula5, 11-12. Nas radiografias periapicais, são vistas mudanças tanto na maxila quanto na mandíbula que consistem geralmente na formação de um trabeculado grosseiro, atribuído à hiperplasia eritroblástica e hipertrofia medular que resulta em perda do fino trabeculado ósseo e na formação de largos espaços medulares. A alteração da trabeculagem é maior no