Anatomia do Racismo Ambiental
Robert D. Bullard
O tema do racismo ambiental aparece incialmente nos Estados Unidos e vem se espalhando por outros países na África e na Ásia. No Brasil, ONGS e entidades sindicais ainda estão iniciando este debate e, para fornecer subsídios à sociedade, o
Projeto Meio Ambiente e Democracia, do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e
Econômicas (Ibase), em conjunto com com a Central Única dos Trabalhadores do
Rio de Janeiro (CUT/RJ) e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e
Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Ippur/UFRJ) e o apoio da
Fundação Heinrich Böll, publicaram a série "Sindicalismo e Justiça Ambiental", três cartlhas com textos sobre poluição industrial e estudos de caso. O texto abaixo, sobre racismo ambiental, foi publicado originalmente em um dos volumes e conta a experiências de comunidades não-brancas americanas contra a exposição excessiva à materias poluentes.
As comunidades não são, todas elas, criadas de forma igual. Nos Estados Unidos, por exemplo, algumas comunidades são rotineiramente intoxicadas enquanto o governo finge ignorar. A legislação ambiental não tem beneficiado de maneira uniforme todos os segmentos da sociedade. As populações não-brancas (afroamericanos, latinos, asiáticos, povos das ilhas do Pacífico e povos indígenas americanos) têm sofrido, de modo desproporcional, danos causados por toxinas industriais em seus locais de trabalho ou nos bairros onde moram. Estes grupos têm de lutar contra a poluição do ar e da água--subprodutos de aterros sanitários municipais, incineradores, indústrias poluentes, e tratamento, armazenagem e vazadouro do lixo tóxico.
Por que algumas comunidades se tornam "depósitos de lixo" enquanto outras não?
Por que a legislação ambiental é rigidamente aplicada em algumas comunidades e não em outras? Por que alguns trabalhadores têm a saúde protegida das ameaças ambientais enquanto outros