Ananéri
Com o marido sempre ausente, trabalhando em alto-mar, Ana acostuma-se a ter todos os encargos da família sob a sua responsabilidade. E, devido a um infortúnio do destino, Isidoro morre a bordo do brigue Três de Maio, no Maranhão, deixando-a viúva aos 29 anos de idade e com três filhos pequenos para educar: Justiniano, Antônio Pedro e Isidoro Antônio Néri Filho. Sozinha, ela forma os dois primeiros em medicina e, o último, segue a carreira militar.
Em 1865, com a formação da Tríplice Aliança (Brasil, Argentina e Uruguai), o Brasil luta contra o Paraguai - na histórica Guerra do Paraguai - e os filhos de Ana são convocados pelo exército para lutar nas frentes de batalha. Muito sensibilizada com o fato, ela manda um ofício para o presidente da província, solicitando para si mesma um trabalho na guerra, como enfermeira, alegando, basicamente, dois motivos principais: primeiro, a dor causada pela separação dos filhos e, segundo, a vontade de atenuar o sofrimento dos combatentes.
Aos 51 anos de idade, e sem esperar a resposta do seu pleito, Ana Néri viaja para o Rio Grande do Sul, e lá aprende as primeiras noções de enfermagem com as irmãs de caridade de São Vicente de Paulo. No dia 13 de agosto de 1865, visando cuidar dos doentes e feridos, a baiana parte para o front de batalha, com o exército de voluntários, tornando-se a primeira mulher enfermeira do país.
Devido à sua grande coragem, desvelo, amor ao próximo e conhecimentos de fitoterapia, e a despeito da falta de condições de trabalho, Ana Néri consegue permanecer quase cinco anos no front, chamando a atenção, como enfermeira, em todas as regiões