Analise
A história é narrada por um narrador heterodiegético, isto é, o narrador está fora da história, não é um dos atores, tampouco conhece bem as personagens. Dessa forma, nos é apresentado algumas características deles, por exemplo: A caracterização externa das personagens é feita pelo narrador. Assim, sabe-se que Ricardo, é “esguio e magro”, tem “cabelos crescidos e desalinhados” e “um jeito jovial de estudante” (p. 66). De Raquel, recebem-se as informações, através do olhar e das falas de Ricardo, que “está uma coisa de linda” (p. 67) e tem olhos verdes, “assim meio oblíquos” (p. 73). Logo, é a partir do diálogo de ambos que tomamos conhecimento de outras características relacionadas a eles.
Nota-se uma intertextualidade no conto de Lygia, quando Ricardo refere aos olhos de Raquel como meio oblíquos pensamos logo na personagem Capitu, de Dom Casmurro, de Machado de Assis.
Outra intertextualidade é a referência ao livro, A Dama das Camélias, é um ponto importante para entender o porquê do namoro dos dois, provavelmente com a leitura dessa obra, Raquel tornou-se romântica, não reparou na pobreza de Ricardo, assim como a personagem da obra citada. “É que você tinha lido A Dama das Camélias ficou assim toda frágil, toda sentimental. E agora? Que romance está lendo agora?”. O narrador deixa a entender que Raquel não é nem um pouco romântica “A minha querida esposa, eternas saudades”. “Fez um muxoxo. “Pois sim. Durou pouco essa eternidade”.
A narrativa estrutura-se no último encontro de um casal de ex- namorados, Raquel e Ricardo, após vários pedidos da parte dele. Raquel chega ao encontro, já está de tarde, e a todo o momento faz críticas ao lugar e ao próprio Ricardo. Pela leitura do conto tomamos conhecimento que ela o menospreza, e que nunca o amou, além disso, trocou-o por outro, rico, ou melhor, riquíssimo, como a personagem o apresenta. “Ela tragou lentamente. Soprou a fumaça na cara do