analise “Não sei quantas almas tenho”

956 palavras 4 páginas
Analise do Poema “Não sei quantas almas tenho”

No poema “Não sei quantas almas tenho” o poeta reflete acerca de si próprio, tentando responder à questão “Quem sou eu?”.
Na primeira estrofe há uma alternância temporal presente/passado aliada ao advérbio de modo “continuamente”, que expressa a constante fragmentação sentida pelo sujeito poético, ontem, hoje, sempre.
O poeta passa da primeira para a terceira pessoa nos três últimos versos da primeira estrofe, quando usa a generalização “todo(s), toda(s), o(s), a(s), aquele(s), aquela(s)”.
No sexto verso denuncia a angústia que a instabilidade lhe provoca, ou seja, o poeta que é constituído apenas por alma, vive na ânsia de se encontrar; por isso, vive sem “calma”, sem repouso.
Nas duas primeiras estrofes, salienta a fragmentação do sujeito poético “Não sei quantas almas tenho. /Cada momento mudei. /Continuamente me estranho.” e “Torno-me eles e não eu.”;
O seu desconhecimento em relação a si próprio “Cada momento mudei. / Continuamente me estranho. / Nunca me vi nem achei.”;
O sentimento de despersonalização “Torno-me eles e não eu. / Cada meu sonho ou desejo/ é do que nasce e não meu.”;
O seu papel de “espectador” de si “Sou minha própria paisagem, / assisto à minha passagem”;
A sua constante inadaptação “Diverso, móbil e só, / não sei sentir-me onde estou.”.
Na segunda estrofe, o poeta volta a centrar-se em si próprio utilizando uma tripla adjectivação para se autocaracterizar “Diverso, móbil e só”. Aponta, uma vez mais, para a multiplicidade do sujeito poético “Diverso”, definido como um ser volúvel e inconstante “móbil” e salientando a sua solidão “só”.
A locução “Por isso” assume o carácter explicativo/conclusivo em relação às duas estrofes anteriores. O sujeito poético, tendo tomado consciência da divisão do seu “eu”, do seu auto desconhecimento, sente-se um estranho (“alheio”) em relação a si próprio. Olha para as “páginas” da sua vida como quem lê um livro que outrem escreveu, chegando a

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