An Lise Po Tica
Análises de poética:
Componente: Matheus Santos / 25 Autor Poético: Fernando Pessoa
Não sei quantas almas tenho
Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.
ESTRUTURA DO POEMA: O poema é composto por três oitavas. • Estas têm uma métrica regular (cada verso contém 6 sílabas). • Uma rima cruzada, uma rima emparelhada e por fim dois versos solto (6 sílabas) (6 sílabas) (6 sílabas) (6 sílabas) (6 sílabas) (6 sílabas) (6 sílabas) (6 sílabas) Não sei quantas almas tenho. A Cada momento mudei. B Continuamente me estranho. A Nunca me vi nem achei. B De tanto ser, só tenho alma. C Quem tem alma não tem calma.C Quem vê é só o que vê, D Quem sente não é quem é, F Rima Cruzada Rima Emparelhada Versos Livres
1ª ESTROFE: Referências aos heterônimos Anáfora. Não sei quantas almas tenho. Cada momento mudei. Continuamente me estranho. Nunca me vi nem acabei. De tanto ser, só tenho alma. Quem tem alma não tem calma. Quem vê é só o que vê, Quem sente não é quem é, Referência ao fato de não se conhecer a si mesmo. Assonância. Fernando pessoa expressa a sua racionalidade. Tudo o que lhe sucede na vida é pensado pela alma e não sentido pelo corpo. Antítese remete para a oposição entre viver e pensar. “Quem vê” vive, pois não pensa(sente). “Quem sente” não consegue viver, pois pensa.
2ª ESTROFE: Referência aos heterônimos. Sugere a separação entre alma do corpo Atento ao