Analise semiótica do poema “amor é fogo que arde e não se ver”, camões, luís
Introdução
Escrito em 1595, Amor é fogo que arde sem se ver é um soneto, ou seja, é composto por 14 versos decassílabo, desenvolvido em dois quartetos e dois tercetos, se apresenta no estilo mais utilizado por Camões; o Lírico. Apresenta-se em enunciados opositores, se contradizendo em cada verso. Um fator interessante desse poema é seu início com a palavra AMOR em destaque e seu fim, ressaltando o caráter contraditório da temática.
Amor é fogo que arde sem se ver
Luís de Camões
Amor é fogo que arde sem se ver, é ferida que dói, e não se sente; é um contentamento descontente, é dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer; é um andar solitário entre a gente; é nunca contentar-se de contente; é um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade; é servir a quem vence, o vencedor; é ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor nos corações humanos amizade, se tão contrário a si é o mesmo Amor?
O soneto ora apresentado foi extraído do livro "Inês de Castro e O velho do restelo", de autoria de Sylmara Beletti e Frederico Barbosa, Landy Editora - São Paulo, 2001, pág. 39
O primeiro passo que daremos será analisá-lo no ponto de vista estrutural, em seguida o veremos no plano contextual, ou seja, seu conteúdo.
Análise Estrutural do Poema
A primeira característica visual de um soneto é a sua rima. O esquema rítmico encontrado nesse poema é: ABBA, ABBA, CDE e CDE. A importância do ritmo no soneto está na obediência ao padrão que deve ser seguido. Para que se possa entender melhor a questão rítmica, vamos exemplificá-la nos versos do próprio poema:
Amor é fogo que arde sem se ver, [A] é ferida que dói, e não se sente; [B] é um contentamento descontente, [B] é dor que desatina sem doer. [A]
É um não querer mais que bem querer; [A] é um andar solitário entre a gente; [B] é nunca contentar-se de contente; [B] é um