Analise Poema Barroco
A vós correndo vou, braços sagrados,
Nessa cruz sacrossanta descobertos
Que, para receber-me, estais abertos,
E, por não castigar-me, estais cravados.
A vós, divinos olhos, eclipsados
De tanto sangue e lágrimas abertos,
Pois, para perdoar-me, estais despertos,
E, por não condenar-me, estais fechados.
A vós, pregados pés, por não deixar-me,
A vós, sangue vertido, para ungir-me,
A vós, cabeça baixa, pra chamar-me
A vós, lado
A estrutura poema de Gregório de Matos está distribuída em dois quartetos e dois tercetos, sendo versos decassílabos e as rimas entre as estrofes estão assim dispostas: (ABBA, ABBA),(CDC e DCD). É um poema com aliteração em “s”
Neste poema o eu lírico expõe, de forma crítica e bem irônica, a obrigação que Cristo tem de perdoar os pecadores, ainda que estes pequem consciente e frequentemente, já que aceitou a condição de estar cravado em prol da humanidade.
Na primeira estrofe o eu lírico afirma que pode viver uma vida de pecado, pois já que os braços de Cristo estão cravados, ele não poderá puni-lo. E, mesmo após cometer tantos pecados, o mesmo estará de braços abertos para perdoá-lo.
A vós correndo vou, braços sagrados,
Nessa cruz sacrossanta descobertos,
Que, para receber-me, estais abertos,
E, por não castigar-me, estais cravados.
Na segunda estrofe afirma que Cristo tem por obrigação perdoar-lhe os pecados isso se dá ao dizer que pelo fato dos olhos de Cristo estarem cobertos de lágrimas e sangue, não poderá enxergar as faltas cometidas pelo pecador, pois os seus olhos só se abrem para perdoar.
A vós, divinos olhos, eclipsados
De tanto sangue e lágrimas abertos,
Pois, para perdoar-me , estais despertos
E, por não condenar-me, estais fechados,
Na terceira estrofe mostra que Cristo encontra-se enfraquecido, os pés cravados, o sangue vertido e a cabeça baixa representam o esgotamento das forças físicas e portanto não poderá perseguir e punir o pecador, mesmo diante de tamanha fraqueza,