ANALISE DO POEMA CONCRETO DE ERNESTO MANUEL DE MELO E CASTRO
Os poetas concretos, inspirados pelos modernistas do início dos Novecentos, buscaram dar seguimento às ideias das vanguardas europeias – o futurismo (italiano e russo), o dadaísmo e, privilegiaram também alguns elementos do surrealismo –, que influenciaram os escritores da década de 1920. Por isso, nos poemas concretos, o lúdico e a inovação, concernentes à forma, ganham destaque, uma vez que esses eram os pilares da poesia modernista mais experimental; principalmente, a de Oswaldo de Andrade. A poesia concreta no Brasil surgiu nos anos 50 como uma nova estrutura, uma nova condição de realidade visual, rítmica, sonora. Foi responsável por romper com a literatura intimista. Antes disso Mallarmé e Apollinaire já tinha apontado o caminho e lançado seus dados mostrando a possibilidade de um poema plural, fragmentado, desconstruindo a noção de linearidade. A denominação poesia concreta veio do encontro de Pignatari com o poeta Eugen Gomringer e logo em seguida o termo seria adotado por outros poetas de várias nacionalidades. As principais características da poesia concreta são: a abolição do verso tradicional, o aproveitamento do espaço em branco da página, a disposição geométrica, o conteúdo voltado aos aspectos sonoro e visual, o uso de neologismos e a ruptura com a sintaxe.
Sendo assim O poema de E.M. de Melo e Castro traz à tona versos que tende, a ser um objeto que a si próprio se mostra. Estabelecendo assim uma ligação direta com a poesia visual e concreta.
Nesse poema, um reduzido número de palavras ou até uma só palavra, decomposta nos seus elementos de formação, sílabas, fonemas, letras, pode adquirir uma ressonância sugestiva de tipo sinestésico imediato, muito diferente do que a linguagem descritiva conseguiria alcançar, fazendo referencia ao relógio com suas incansáveis idas e vindas.