Analise da música Lindonéia
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O universo musical brasileiro estava saindo dos embalos da bossa nova, quando mergulhou num movimento cultural contestador e vanguardista, em plena década de 60, a Tropicália ou Tropicalismo. O país estava recém-dominado pela ditadura militar, em plena efervescência social e política, lutando contra a presença dos militares no poder, contra as sementes iniciais da censura. É neste contexto que nasce o movimento tropicalista, sob a inspiração da esfera pop local e da estrangeira, principalmente do pop-rock e do concretismo. A tropicália era o espelho do sincretismo brasileiro, pois mesclava em as mais diversas tendências, como a cultura popular brasileira e inovações extremas na estética. Caetano Veloso e Gilberto Gil causaram grande impacto em suas apresentações no III Festival de Música Popular da TV Record, no ano de 1967. Ali, foram lançadas as bases para o Tropicalismo em sua versão musical. Antes de fins sociais e políticos, a Tropicália foi um movimento nitidamente estético e comportamental. Em maio de 1968, começaram as gravações do álbum que seria o manifesto musical do movimento. Entre as doze faixas uma delas é Lindonéia, que teve como inspiração a obra de arte de Rubens Gerchman de 1966. O quadro chamado A Bela Lindonéia que traz em sua construção uma imagem caricatural de uma jovem mulher em um suporte de espelho no formato emoldurado de flores ao entorno da imagem, promove a narrativa de uma jovem brasileira que morre aos 18 anos sem conhecer o amor. No quadro diz: Um amor impossível. A bela Lindonéia de 18 anos morreu instantaneamente. É possível perceber na imagem a estética da pop arte combinada à arte conceitual que também nos revela outros elementos que implicam em sua narrativa. Esta tela expressa o rosto de uma jovem garota morta abruptamente, como indiciado pela legenda que acompanha o desenho e cuja imagem forte e chocante foi transcrita por Caetano de maneira metafórica na letra