Anacefalia
Artigos Originais
Interrupção da gestação após o diagnóstico de malformação fetal letal: aspectos emocionais
Termination of pregnancy after the diagnosis of lethal fetal malformation: emotional aspects
Gláucia Rosana Guerra Benute1, Roseli Mieko Yamamoto Nomura2, Mara Cristina Souza de Lucia3, Marcelo Zugaib4
RESUMO
Objetivos: descrever os processos emocionais vivenciados com a interrupção da gestação após o diagnóstico de malformação fetal letal. Métodos: foram entrevistadas 35 gestantes cujo feto era portador de malformação letal e que realizaram a interrupção da gestação após solicitação de autorização judicial. A malformação fetal mais freqüente foi a anencefalia (71,5%). As pacientes foram submetidas à entrevista psicológica aberta logo após o diagnóstico da malformação fetal para que pudessem expressar os sentimentos desencadeados e para promover reflexão sobre a solicitação da interrupção da gravidez. O tempo médio de espera pelo deferimento do pedido judicial foi de 16,6 dias. As que solicitaram e tiveram o aborto realizado foram convidadas a retornar para a segunda entrevista psicológica 30 a 60 dias após o procedimento, quando foi aplicado questionário semidirigido para identificar os aspectos emocionais vivenciados e descrever os sentimentos despertados.
Resultados: trinta e cinco pacientes foram entrevistadas após o aborto. Quanto aos sentimentos vivenciados na decisão pela interrupção, 60% relataram como negativos, 51,4% afirmaram que não tiveram dúvidas quanto à decisão tomada e
65,7% informaram que a própria opinião foi a que mais pesou na decisão. A maioria das mulheres (89%) afirmou apresentar lembranças do que viveram com certa freqüência, 91% afirmou que adotariam a mesma atitude em outra situação semelhante e 60% diriam para interromper a gestação caso alguém perguntasse seu conselho, numa mesma situação. Conclusões: as angústias vivenciadas demonstram que o processo de reflexão é de fundamental importância para