An lise cr tica da obra
Quatro estudantes de Medicina reunidos em um quarto num momento de ócio conversam sobre os sortilégios do amor. Augusto se diz um homem fiel ao seu sentimento afirmando que não se apaixona tão facilmente por uma mulher. Convidado por Felipe, juntamente com mais dois amigos, Fabrício e Leopoldo, a passarem o fim de semana na casa da avó de Felipe, D. Ana, Augusto é posto à prova. Por ele garantir aos seus colegas ser incapaz de amar uma mulher por mais de três dias, os três propõem um desafio: a partir daquele fim de semana, Augusto irá se envolver sentimentalmente com uma das moças, apenas uma, por, no mínimo quinze dias. Caso Augusto perca a aposta, terá de escrever um livro, um romance no qual contará a história do seu primeiro amor duradouro.
Esse é o enredo da obra A Moreninha, de autoria de Joaquim Manuel de Macedo, nascido em Itaboraí, Rio de Janeiro, em 24 de junho de 1820. A vida de Macedo coincidiu com os anos em que o Brasil vivia sob o regime imperial. Ás vésperas da Proclamação da Independência, Macedo presenciou os esforços de emancipação política do Brasil, acompanhou as grandes modificações pela qual passou a cidade da Corte (Rio de Janeiro), no seu esforço de modernização e morreu sete anos antes da Proclamação da República, em 1889. Esses fatos políticos, sociais e culturais serviram de base para que Macedo desenvolvesse e introduzisse no país um novo estilo literário, o Romantismo.
Lançado em 1844, a obra de Macedo é considerada o primeiro romance do Brasil. Um ano antes da publicação de A Moreninha, Teixeira e Souza havia publicado O Filho do Pescador, considerado o marco da prosa romântica no país. Porém, como a obra contava com uma trama pouco articulada, confusa e sem o acabamento formal e uma estrutura límpida, não chegou a alcançar grande êxito.
Na primeira metade do século XIX, a inseminação da cultura europeia no Brasil era latente. Chegavam da Europa a moda, as revistas, os perfumes e também as idéias renovadoras