Amor
Edição 280 - Fev/09 | |
Ainda está escuro e o céu limpo avisa que será mais um dia de sol quente, como quase todos na colônia Mombuca, no interior de São Paulo. Quando o céu começa a clarear, pode-se ver melhor a plantação de flor de lótus. As plantas são altas e nascem no meio de um charco. Podem-se ver os grandes botões prontos para abrir. Alguns são completamente brancos, outros têm um dégradê de rosa. Sobre as largas folhas, muitos pássaros aguardam a hora de partir. O tempo é de espera: ocasionalmente, turistas vêm de longe para observar o desabrochar do lótus, que só acontece entre dezembro e janeiro. Um costume que se repete todos os anos no Japão, de onde as primeiras sementes foram trazidas. Depois de longos minutos de observação, um sol dorminhoco começa a surgir. E, como se se espreguiçasse, espalha devagar sua luz suave sobre as flores, ainda respingadas do orvalho da noite. Nessa hora, quem madrugou para ver o lótus se abrir percebe que tem companhia: as abelhas já estão agitadas, rodeando os botões, também a espera do desabrochar. |
Localizada no município de Guatapará, a 65 quilômetros de Ribeirão Preto, Mombuca é um bairro rural, fundado por um grupo de 12 famílias de imigrantes vindos do Japão em 1962. Hoje, são 118 famílias japonesas (e 250 brasileiras), que se dedicam a várias atividades rurais: cultivam arroz, milho, banana, flores ornamentais, cogumelos... Também investem em granjas e suinocultura. Estavam buscando opções às dificuldades que seu país ainda enfrentava no pós-guerra. Não foi exatamente um bom negócio. Pouco tempo depois, seguindo ao sucesso das Olimpíadas de Tóquio, em 1964, o Japão iniciou uma trajetória ascendente de desenvolvimento econômico, até tornar-se o país rico que é hoje. Alguns colonos não negam que se arrependeram. Mas, já instalados no Brasil, não encontraram outra opção que não fosse transformar as terras compradas em uma colônia próspera. Na união social, mantêm ainda hoje velhos