No decorrer do texto, João Adolfo Hansen toca sempre no ponto de que o livro só existe se condicionado a um leitor, com suas interpretações, julgamentos e gostos pessoais. É justamento sobre isso que o trecho retirado de seu ensaio comunica, a necessidade do leitor para que o texto exista e resista. Cada época da história tem suas singularidades e por conta disso, seus textos que serão suficientes àquele momento. Consequentemente alguns livros não conseguirão resistir à temporalidade, como expressa Hansen. O autor cita Borges que menciona o livro como sendo a extensão da memória e da imaginação, o que faz com que alguns estejam fadados ao esquecimento, pois, como diz Hansen, “[...] a memória nunca é lembrança total, pois só é memória porque esquece, ou seja, é memória porque é a seleção do que culturalmente se julga significativo e lembrável [...]” (HANSEN, J. A., ano). Nessa seleção cultural do que é significativo os fatores econômicos estão intrínsecos nesse conceito, pois os livros que persistem serão sempre os que trazem algum benefício financeiro àquele que o cria, distribui, copia, divulga e consome. Será assim desde o volumen até os e-books e seus sucessores. Os livros estão condicionados também à demanda de público, como é mencionado no trecho sobre a criação de um novo gênero pelos irmãos Grimm, visando a educação das crianças. No início os livros, escritos em tabuletas de argila ou de pedra, eram destinados à disseminação de leis, assuntos administrativos e religiosos, lendas, poesias, etc. Atualmente, com o advento das tecnologias, os livros deram lugar aos e-books, que são destinados ao mundo contemporâneo que não tem tempo a perder.