Amor liquido
Resenha: O Universalismo Europeu – A retórica do poder – Immanuel Wallerstein
O “O Universalismo Europeu: a retórica do poder”, de Immanuel Wallerstein publicado em 2007, desmonta passo a passo a argumentação pretensamente universal dos poderosos: o universalismo europeu. Segundo ele, sob o lema do fardo da civilização, potências européias expandiram seus domínios imperiais e subjugaram nações africanas e asiáticas; e mais recentemente o governo dos Estados Unidos justificou a invasão do Iraque usando o discurso da paz, democracia e liberdade. Nesses casos, a retórica dos dominadores apela a valores universais, dos quais se consideram portadores e agentes. Wallerstein afirma que muitos não percebem a complexidade perversamente sedutora do discurso das potências mundiais e de seus sequazes. Assim, esta obra constitui uma grande contribuição para a compreensão da superestrutura ideológica das potências centrais e dominantes no sistema capitalista mundial, encapada por alguns valores, como direitos humanos e democracia, que elas realmente não respeitam, mas apresentam como rationale para agressões e para intervir militarmente nas regiões e países periféricos e semiperiféricos, em defesa de seus interesses econômicos e geopolíticos, além de dar sustentação a sua hegemonia.
Ao longo do livro, o sociólogo norte-americano expõe os três tipos principais de apelo ao universalismo. O primeiro é o argumento de que a política seguida pelos líderes do mundo pan-europeu defende os “direitos humanos” e promove uma coisa chamada “democracia”. O segundo acompanha o jargão do choque entre civilizações, no qual sempre se pressupõe que a civilização “ocidental” é superior às “outras” porque é a única que se baseia nesses valores e verdades universais. E o terceiro é a afirmação da verdade científica do mercado, do conceito de que “não há alternativa” para os governos senão aceitar e agir de acordo com as leis da economia neoliberal.