Amor liquido
Entende-se que as parcerias frouxas e eminentemente revogáveis substituíram o modelo da união pessoal “até que a morte separe”. Bauman chama isso de “relacionamentos de bolso”, que compara com vitamina C: em grandes doses podem causar náuseas e prejudicar a saúde. Por essa razão, a “sociedade líquida” prefere os relacionamentos diluídos, para que possam ser aproveitados. Os compromissos intensos e de longo prazo são uma armadilha a ser evitada. O compromisso fecha a porta para novas possibilidades (quem sabe, até melhores). Mantenha sempre sua porta aberta, dizem os “especialistas”.
Viver juntos foi substituído por ficar juntos. A convivência foi substituída pelos encontros episódicos. O casamento foi substituído pela sucessão de romances com sexo. O divórcio foi substituído pelos CSS – casais semi-separados. As amizades foram substituídas pelas salas de chat e as redes, onde se pode conectar e desconectar sem qualquer compromisso, promovendo relações fantasiosas ou profundas protegidas pelo anonimato. Ralph Waldo Emerson acertou ao afirmar que “quando se é traído pela qualidade, tende-se a buscar desforra na quantidade”.
Na compulsão de tentar novamente, e obcecado em evitar que a atual experiência sabote a futura, ou sempre em expectativa de que o melhor está por vir e que há sempre algo melhor pelo que esperar, as pessoas acabam desaprendendo o amor; tornam-se incapazes de amar. A sensação de que se pode ser abandonado, substituído a qualquer momento, impede a entrega total – e, porque