amigo comun
Esta investigação teve como objetivo discutir a constituição da identidade profissional docente, em um contexto de frustração e desencanto com o exercício profissional, entre abandonos e permanência, compreendendo identidade profissional tal qual apresentada por Claude Dubar e Antônio Nóvoa. Foram selecionados para essa pesquisa dois grupos com trinta e quatro professores cada.
O primeiro, formado por docentes que abandonaram o magistério na rede estadual paulista e, o segundo, por docentes que deixaram a sala de aula para exercerem a função de diretores de escola, também em escolas da rede estadual de ensino, no ano de 2006. Utilizando entrevistas semi-estruturadas, os depoimentos dos professores foram analisados com a intenção de se conhecer as razões que os levaram a abandonar a docência e, como tal abandono, associado a sensações de desencanto e frustração, age no processo de constituição da identidade profissional.
A análise dos depoimentos nos possibilitou identificar a existência de um processo que denominamos táticas de abandono, compreendendo táticas na perspectiva apontada por Michel de Certeau. Tais táticas, utilizadas por muitos professores como uma maneira de permanecer na profissão, convertem-se em formas eufemizadas de abandono, um abandono em serviço, que gradativamente evolui para um abandono definitivo. Compreendemos que a trajetória profissional docente não é linear, mas marcada por rupturas e continuidades que dão origem a meandros, elemento decisivo no intricado e complexo processo de construção da identidade profissional, em que desencanto e frustração convivem com uma visão idealizada da profissão, gerando um conflito permanente entre o trabalho real e o trabalho idealizado, favorecendo, assim, a formulação por parte do professor de juízos variados acerca da escola, do aluno e do próprio trabalho, na perspectiva apontada por Pierre
Bourdieu ao discutir as categorias do juízo professoral. Por fim,