Ame seu coração!
“Há um tempo para amar e outro para morrer!”
Eclesiastes
Há muito tempo o coração é considerado como órgão-sede da vida, o centro das emoções. Mesmo não sendo o único órgão vital do corpo, existe uma profunda vinculação, simbólica e real, entre ele e a vida. Nota-se que devido a toda essa mitificação sobre o órgão coração, quando ocorre o seu adoecimento, é sentido uma ameaça à própria vida, gerando ansiedade e angustia. Assim, percebe-se uma interferência real no emocional de uma pessoa que adoece do coração, influenciada pela carga simbólica atribuída a esse órgão. A própria cultura em que vivemos encarrega-se de imbuir às cardiopatias uma conotação de gravidade maior do que outras doenças, permeando o adoecimento do coração de muitas fantasias, ansiedades e mitos. Estas questões acabam tornando-se paradoxais, pois ao mesmo tempo em que a tecnologia na medicina está tornado o diagnóstico e o tratamento das doenças cardíacas mais seguro e mais eficaz, nota-se que, emocionalmente, o individuo cardiopata vivencia insegurança e impotência podendo gerar muitas vezes limitações “físicas” de fundo emocional e não somente orgânica. De acordo com Goldberg (apud Ruschel, 1994) o diagnostico da cardiopatia é enfrentado com uma ansiedade de morte incrementada, já que o coração representa o motor da vida. A ansiedade pode resultar em defesas intensas para manter o equilíbrio homeostático, já que o individuo vivencia com esta doença a ameaça da perda de sua integridade e do conceito que faz de si próprio, bem como de sua capacidade de funcionar como uma pessoa integrada ao seu ambiente, pondo em risco seu bem estar físico e emocional. As doenças do coração podem apresentar tanto um caráter agudo quanto crônico. Além da ruptura da rotina de vida, uma quebra na continuidade da própria existência, dos papeis que a pessoa desempenha em sua vida e das suas experiências futuras, tornando esse momento um processo de