Ambiguidade
Sou rei, camponês ou algo que se divaga entre poesia e lembranças de um marrom. Sou horóscopo de revista, fazendo previsões inexatas e burras sobre um certo recorte no tempo.
Sou algo que se levanta e se move, mas que fica inerte a maioria do tempo, porque me esqueço de movimentar entre as cortinas da sala. Sou algo que queria ser melhor, porque me idealizo em espelhos falsos e acredito que isso seria meu ponto de referência.
Sou um comprador de marcas baratas de um tênis juvenil, sou um ser que pula, pula, e que se perde num cama elástica emprestada de algum avô ( é a criança que me martela por dentro, o tempo todo). Sou um ser que não se controla ao ver chocolates e geléias em cima da mesa da cozinha, logo quando acordo.
Sou um ser imaturo, é, penso dessa forma, porque no fundo todo mundo é. Porque não compreendemos os lados tétricos da nossa personalidade, quem dera se ela fosse só um cubo, ou alguma geometria regular e plana, que é sempre previsível.
Sou movido a tempestade, luxo e miséria da alma que invertem os papéis dentro de mim, como aquelas poesias barrocas que aprendi em aulas de escola, tudo muito complexo e confuso.
Hum... poesias barroca, são aquelas que a gente lê e que se perde já na segunda estrofe, são aquelas de palavras rebuscadas que somente meia dúzia de intelectos da cidade sabe o que significa, mas sou como essa poesia, confusa e irritante, mas que de alguma forma me para no tempo, porque sei que diz algo de bonito, mesmo que eu não entenda.
Sou cobiça alimentada, diante de tanto comercial na TV de refrigerantes a cotonetes, sou instigado a soltar notas em cada esquina que me paro, as vitrines me comem com os olhos.
Sou um ser, no meio de outros seres, cada um com seu sonho compactado em latas de alimentos. Sou um sambista, que adoraria fazer músicas bonitas pra ouvir o dia todo em casa, descubro que não tenho força para tal ato, ai acabo ouvindo sambas de um outro alguém.
Sou algo que tentei escrever sobre tudo nesse