ambiente dos négocios
Tendências do ajuste macroeconômico global
João Basilio Pereima
RESUMO - Este artigo analisa a tendência do processo de ajuste macroeconômico e estrutural da economia mundial a ser conduzido pelos países industrializados e emergentes.
Os primeiros para recuperar suas economias e os grandes desequilíbrios acumulados nas últimas décadas, e os segundos para continuar crescendo e avançando tecnologicamente. O
Artigo adverte para os riscos incorridos pelo Brasil, caso persista em seu ritmo leniente e tímido do seu programa de desenvolvimento econômico, se é que existe um de fato.
1 INTRODUÇÃO
A era que marca a primeira década do século XXI poderá ir para história, talvez, como um período que marcou o fim de um grande ciclo do desenvolvimento do sistema capitalista mundial. Não propriamente pelo desmonte de uma grande pirâmide especulativa e seu alastramento para a economia real dos países industrializados, mas pela exaustão de um padrão de desenvolvimento econômico e coordenação financeira mundial. O ciclo atual se iniciou em 1971 e terminará em 2010, trinta e nove anos depois, uma duração maior que o conturbado e perigoso ciclo anterior de Bretton Woods, que durou vinte e três anos de 1948 até
1971.
Do ponto de vista macroeconômico, o ciclo atual é caracterizado pela flutuação das moedas soberanas, por mobilidade intensa de capital, por um sistema monetário internacional uninacional (hegemonia do dólar) e pelo enorme desajuste da poupança mundial, o qual combinou de forma insustentável no longo prazo, elevados superávits de um lado e elevados déficits de outro, numa relação simbiótica entre poucos países que agora está chegando ao fim. Do ponto de vista político, o ciclo de expansão capitalista é comumente interpretado como um ciclo de retorno ao liberalismo, muito embora, como mostraremos e argumentaremos, esta é uma concepção incompleta e até mesmo