Alteridade Em Cena
Em pauta
Alteridade em cena
Maria Lúcia de Souza Barros Pupo
Resumo
O objetivo é examinar uma das modalidades mais frequentes de contrapartida social propostas por coletivos apoiados pela municipalidade de São Paulo – o oferecimento de oficinas teatrais – analisando as relações entre seus responsáveis e os indivíduos por elas beneficiados. Tal exame sugere como oportuna a caracterização de uma ação especificamente artística, em paralelo à já reconhecida noção de ação cultural.
Palavras-chave: oficina teatral – Programa Municipal de Fomento ao Teatro – ação artística – teatro de grupo
Um recorte significativo em meio às múltiplas experiências de ação cultural em curso na cidade de São Paulo pode ser obtido a partir do exame das modalidades de contrapartida social propostas pelo Programa Municipal de Fomento ao Teatro.
É bem conhecido o fato de que os projetos provenientes dos grupos submetidos à seleção devem se comprometer a incluir práticas e operações de algum modo vinculadas à realização pretendida que tenham como objetivo beneficiar a população, ampliando o escopo da atividade teatral. Constata-se hoje que os grupos beneficiados com o apoio do Programa, em vigor há exatos dez anos, vêm sendo responsáveis por uma ação continuada que tem questionado as leis do mercado e se exerce na ótica de uma efetiva intervenção no tecido social.
Ao longo deste artigo nossa intenção é lançar o olhar sobre uma das modalidades mais frequentes de contrapartida propostas pelos coletivos – as oficinas – de modo a examiná-las à luz de duas categorias formuladas por Jacques Rancière, o embrutecimento e a emancipação. Paralelamente, ao pensar as oficinas coordenadas pelos grupos, levantaremos perspectivas que possam conduzir a uma conceituação específica de ação artística, passível de ser distinguida da ação cultural.
Como sabemos, a lei do Programa de Fomento foi instaurada como resultado de vigorosa batalha dos fazedores de teatro. Observa-se