Algumas reflexões acerca da clínica social
Cada vez mais é evidente a presença sutil e constante do poder, embora o discurso neoliberal apregoe o contrário. Esse poder encontra-se calcado em fazer viver , em multiplicar as formas de existência e em controlar as condições de vida com todo o entorno que faz parte do ser e estar no mundo.
Decifrando a relação entre poder e saber, o filósofo Michel Foucault nos permite também refletir acerca das relações de poder. O aparecimento dos saberes, entendido como formações discursivas e suas respectivas práticas, ocorrem em momentos históricos descontínuos, estando intimamente ligados com a questão do poder. Logo, todo discurso acerca da subjetividade é um discurso histórico e político, como salienta Rodrigues (2003), a partir das ideias em questão. Essas formações discursivas possuem uma função, não necessariamente punitiva, mas de monitoração e de ordenação, convocando modos de subjetivação e delimitando a realidade social.
A modernidade, mais especificamente o século XIX, trouxe consigo a instalação do poder sobre o homem enquanto ser vivo, o biopoder, poder sobre a vida, pode ser definido como um "[...] poder que se incumbiu tanto do corpo como da vida, ou que se incumbiu, se vocês preferirem, da vida em geral, com o polo do corpo e o polo da população." (FOUCAULT, 1999, p. 302). o biopoder possui dois eixos: o poder disciplinar e a biopolítica. O poder disciplinar, que atua sobre os indivíduos e os corpos, sua sustentação está no sistema racional e científico da sociedade moderna. . A biopolítica, por sua vez, tem como área de atuação