Alfred adler
No ano de 1902, Sigmund Freud criou a chamada Sociedade psicológica das quartas-feiras à qual foram chegando, aos poucos, médicos e intelectuais judeus. Estes, por sua vez, se reuniam informalmente na sala de espera do consultório de Freud: Rudolf Reitler, Otto Hank, Alfred Adler etc., os quais estavam ligados ao que viria a ser conhecido como o “movimento psicanalítico”. Com efeito, é sobre a dissidência efetivada por um de seus integrantes, a saber, Alfred Adler, que pretendo me ater.
Adler foi o primeiro discípulo de Freud a se separar do grupo psicanalítico em 1911. Todavia, as ideias de Adler não tiveram na França uma grande importância, não obstante as noções de complexo de inferioridade e de protesto viril as quais tornarem-se muito famosas sem que seja lembrado que foi Adler o pai destes conceitos.
Adler fundamenta-se na observação segundo a qual uma inferioridade orgânica é compensada, seja pela utilização de outro órgão, seja por um esforço particular imposto ao órgão deficiente. É possível reportar-se a Demóstenes, como exemplo, o qual, apesar de ser gago, tornou-se um grande orador. A inferioridade orgânica também suscita reações psíquicas sob a forma de fantasias compensatórias. Num outro momento, Adler amplia a noção de inferioridade, assegurando que o sentimento de inferioridade existe em todas as pessoas e que possui sua fonte na infância no momento em que o indivíduo se sente pequeno e fraco diante do adulto, sentimento este favorecido pela atitude minimizante dos pais:
O ser humano apresenta esta característica essencial: é a entidade mais frágil do reino animal, quando nasce; a mais delicada, a menos apta para a sobrevivência. Um potrinho, assim que se desembaraça da placenta, já pode dar alguns saltos desajeitados; para um gatinho, são necessários apenas alguns dias para que abra os olhos e são necessárias apenas alguma semanas para que o pequeno pássaro possa voar só. O recém-nascido humano