ALEXANDRE 1
No Brasil, tal como em outras realidades, a questão educacional emerge como um tema socialmente problematizado no bojo da própria estruturação do Estado-Nação. As forças hegemônicas que impulsionaram o movimento da independência nacional não eram opostas à ordem patrimonial estruturada durante o período colonial. Tratava-se de grandes proprietários de terras e outros estratos privilegiados na estrutura da colônia, unidos pelo interesse comum de conquistar a emancipação, para que pudessem realizar politicamente sua condição econômica e social de estamentos dominantes. Num país onde os escravos correspondiam a mais de um terço da população, os valores de uma cultura escravagista, forjada há mais de três séculos, continuavam a estruturar as representações sociais, legitimando a apreensão do "escravo" como "coisa" e propriedade particular.
Esse referencial vai balizar, também, o tratamento concedido à educação. Nas condições históricas em que se forjou o reconhecimento legal desse direito, o que estava em discussão não era a escolaridade das massas. A predominância da cultura escravocrata nas representações sociais das elites senhoriais e, portanto, na orientação conservadora das suas práticas vai configurar uma valorização própria da escola. Esta constrói-se em oposição ao mundo do trabalho, justificando, assim, a estruturação no país de um sistema dual de ensino, nos moldes europeus, mas guardando as especificidades