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A Alemanha e a crise: vitórias pírricas
A Alemanha teve sua primeira «crise», uma longa estagnação econômica entre 2000 e 2005, à qual respondeu com um conjunto de reformas («Agenda
2010») em 2003. Uma lenta recuperação, posterior a 2006, chega a uma parada súbita quando a crise financeira global é deflagrada. Mas a Alemanha suportou a Grande Recessão bastante bem.
Muitos observadores consideraram as reformas da Agenda e a força industrial da Alemanha como as causas desse bom desempenho. No entanto, um olhar mais atento revela um quadro diferente e ambíguo. As vitórias da Alemanha custaram um preço alto: desigualdade crescente dentro do país e crises
Michael Dauderstädt
de endividamento no exterior.
■■ Crescimento e crise
A economia alemã teve que enfrentar dois enormes desafios estruturais na
década de 1990: a unificação com a Alemanha Oriental e a União Monetária
(introdução do euro). A economia da Alemanha Oriental entrou em colapso devido a uma taxa de câmbio supervalorizada, quando de sua adoção do marco da Alemanha Ocidental, a um rápido aumento dos salários acima da produtividade e à ruptura dos fluxos tradicionais de comércio. No devido tempo, a Alemanha Ocidental havia financiado quase metade do consumo da Alemanha Oriental – cerca de 100 bilhões de euros ao ano ou 8% do pib – por meio de transferências, impondo, assim, um enorme fardo ao sistema da
Michael Dauderstädt: diretor da Divisão de Política Econômica e Social da Fundação Friedrich
Ebert (fes).
Palavras-chave: crise financeira, exportações, crecimiento, desigualdade, zona euro, Alemanha,
Europa.
Nota: Tradução de Robert Bruce de Figueiredo Stuart. A versão deste artigo em espanhol foi publicada em Nueva Sociedad No 246, 7-8/2013, disponível em .
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Nueva Sociedad especial em português 2013
A Alemanha e a crise: