Alberto
O desenvolvimento dos
Estudos Críticos em Administração
Durante a complexa reconfiguração de temáticas e abordagens pela qual passa o campo dos estudos administrativos e organizacionais, a década de 1990 marca uma rearticulação original entre os termos “crítica” e “administração” (Fournier e Grey, 2000), constituindo a emergência de uma subdisciplina denominada “Estudos
Críticos em Administração”. Contudo, isso não significa que a crítica de um processo disciplinar próprio ao desenvolvimento da administração e o questionamento do controle da força de trabalho sejam problemáticas recentes. Ao contrário, ao longo do século
XX vários autores exploraram e discutiram o aumento do poder social da administração (Burnham,
1945; Mills, 1956; Bendix, 1956). Permeada pelas matrizes de poderes sociais e políticos, a administração foi, repetidamente, submetida ao crivo de análises críticas. Entretanto, é somente a partir da década de
1990, em meio e tradição anglo-saxões, que se realizou um esforço para unificar esse tipo de análise sob um mesmo brasão, denominado “Estudos Críticos em
Administração”. Esse foi o título do livro precursor no assunto, publicado no início dos anos 1990
(Alvesson e Willmott, 1992a) e que desencadeou uma proliferação de publicações, colóquios, conferências, workshops e redes acadêmicas1 concebidas para discutir aquilo que poderíamos denominar de “administração crítica”. Nesse fervor de proliferação de eventos e publicações, os ECA emergem com o objetivo de conferir a palavra àqueles e àquelas que, ao se identificarem como racionais, indiscutíveis e indubitáveis, são raramente considerado(a)s pelas teorias organizacionais tradicionais que tendem a idealizar a administração. Expondo as faces ocultas, as estruturas de controle e de dominação e as desigualdades nas organizações, a abordagem crítica busca questionar permanentemente a racionalidade das teorias tradicionais e mostrar