Resenha Para além do pensamento abissal
RESENHA CRÍTICA DO TEXTO “PARA ALÉM DO PENSAMENTO ABISSAL”, DE BOAVENTURA DE SOUSA SANTOS
Goiânia, 13 de maio de 2014
RESENHA SOBRE O TEXTO PARA ALÉM DO PENSAMENTO ABISSAL, DE BOAVENTURA DE SOUSA SANTOS
Em “Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes”, primeiro capítulo da obra Epistemologias do Sul, de Boaventura de Sousa Santos, é apresentado um fato decepcionante, porém dominante na construção do conhecimento moderno: a “existência” de uma linha que divide culturas, a qual estabelece o tipo de conhecimento e forma de vida que deve ser aceito e praticado, e quais não devem ser reconhecidos, de acordo com o sistema. Ou seja, existe um abismo entre o pensamento de “um lado da linha” e o do “outro lado da linha”.
O pensamento ocidental constrói esse sistema, estabelece parâmetros e princípios para estruturá-lo, e coloca o outro que não faz parte dele como invisível, como quem não pode existir. O sistema vai considerar que o que acontece do outro lado da linha não é contemporâneo a ele, não existe a possibilidade de co-presença. O modo de vida ocidental é hegemônico, só se permite existir se não houver outro para combate-lo. Por isso é que combatem o diferente, tentam apagá-lo, destruir seus princípios, ou permitem-no existir desde que seja marginalizado.
Essa marginalização é que leva à situação que se observa ainda hoje nas grandes metrópoles, por exemplo. O pensamento abissal continua a operar e se auto-reproduzir, e muitas vezes praticamos este tipo de atitude injusta sem percebermos, afinal não existe uma linha demarcatória, estão todos juntos. A ascensão do fascismo social estabelece relações de poder extremamente desiguais entre os diferentes grupos sociais. Na tentativa de derrubar esse sistema, passa a ocorrer um movimento que o autor chama de cosmopolitismo subalterno, que consiste em manifestações contra-hegemônicas,