Alberto Santos Dumont
Analisando especialmente o personagem principal, Máiquel, pode-se observar que ele não domina conscientemente as trocas intertemporais, ou seja, não pondera seus atos medindo os benefícios (bônus) e conseqüências (ônus e juros) em relação ao tempo. Exemplificando, Máiquel começa a praticar crimes para obter riqueza e status rapidamente, ou seja, utilizando a frase máxima de Eduardo Giannetti, “viver agora, pagar depois”. Porém, Máiquel não está interessado em “quando e como”, ou mesmo “se” ocorrerá esse pagamento , tampouco sobre os juros, as possíveis conseqüências. Esse fato ocorre porque ele ainda não possui o que Giannetti chama de “dilatação da dimensão temporal”, que é a noção de tempo passado e presente que guia as escolhas da pessoa. Para Máiquel, o que importa é o “aqui-e-agora”, característica mais condizente com indivíduos que estão em um dos extremos do “arco da vida”, e isso mostra o seu frágil amadurecimento psicológico. Seu horizonte temporal é relativamente curto, quase desprezível, mesmo que essa percepção seja resultado das atividades praticadas por Máiquel, uma vez que, no inicio da estória, ele mostrava-se disposto a casar, ter filhos, família, emprego, ou seja, visava um futuro. Ao final do roteiro, ele expõe sua ideologia de vida ao fazer uma analogia do ciclo da vida com um rio e um cavalo. Pode-se aqui também comparar as trocas temporais ao rio, pois elas ocorrem independentes da vontade indivíduo, assim como as escolhas intertemporais (um cabresto da vida) que conduzem a direção do cavalo.
Outros personagens, como os amigos de Máiquel compartilham praticamente a mesma visão que ele, imediatista, “mais vida em seus anos”, o que se comprova pela vida criminosa e pelo uso de drogas, ao “...não refletir sobre os exorbitantes custos diferidos (juros) embutidos no