Alba Zaluar
Paulo Soares Correia
Profª. Sonia Nussenzweig Hotimsky
Identificação da obra: ZALUAR, Alba. O antropólogo e os pobres: Introdução metodológica e afetiva; e Trabalhadores e bandidos: Identidade e discriminação. In: _____A máquina e a revolta – As organizações populares e o significado da Pobreza 2º Edição, São Paulo, Editora Brasiliense, 1994. (p.09 a 32; 132 a 172).
O antropólogo e os pobres: Introdução metodológica e afetiva
Em 1980 a autora inicia a sua pesquisa sobre o modo de vida das classes populares na Cidade de Deus, bairro pobre e violento do Rio de Janeiro.
As referências, sobre o lugar escolhido para fazer a pesquisa não eram favoráveis. Estigmatizado pelos jornais como um local habitado por bandidos, traficantes de drogas, enfim habitantes “perdidos para o convívio social”.
A sensação, em principio, além do medo, em relação ao "estranho" era recíproca. A quem recorrer? Para quem pedir informações, se o amigo do amigo não era tão conhecido como havia imaginado? Neste momento, Zaluar confessa que invejou Malinowski, que aportou em que lhe era diferente, mas tinha a convicção que encontraria uma cultura “harmoniosamente coerente e aceita por todos”, não era o caso de Cidade de Deus, local permeado por constantes conflitos.
Enquanto que ela, “estava bem no meio ao dissenso e dos conflitos”. O que mais sentia naquele momento era:
"A sensação mais forte que tive naquele momento foi de medo. Não o medo que qualquer ser humano sente diante do desconhecido, mas um medo construído pela leitura diária dos jornais que apresentavam os habitantes daquele local definitivamente perdidos para o convívio social, como perigosos criminosos, assassinos em potencial, traficantes de tóxicos, etc." (ZALUAR, 1994:10)
Além do medo da violência, Zaluar fala de outro medo, “... medo realista de me enredar em malhas cujo controle me escapasse...” e chegou a duvidar de que pudesse, permanecendo por lá, se “relacionar com as